Começou a chover.
Finalmente o céu decidiu ceder e partilhar da tempestade que há muito havia se
instalado em mim. Devo admitir que é reconfortante saber que, agora, não sou a
única a suportar o barulho dos trovões e das lindas pedrinhas de gelo que batem
no telhado da garagem. Por muito tempo elas bateram apenas no telhado do meu
coração, colaborando para que uma enchente de diferenciados sentimentos
inundasse o único lugar onde eu encontro paz: o meu interior. A chuva pareceu
cessar por um segundo, mas não demorou muito para que ela desistisse de me
deixar. Agora, ela só aumenta. Ah... Não estou falando da chuva lá fora! Essa
está calma, embora vez ou outra me assuste com o clarear repentino dos
relâmpagos. A chuva da qual eu falo é essa de dentro, que me congela mesmo eu
estando aquecida, e que não deixa partir a escuridão que me encontrou. Essa
tormenta um dia vai cessar, não vai?
52 - A Dose Final
Há 8 anos